Terapia floral, um processo vivo e dinâmico...



Atendo um garoto, hoje com 5 anos, já há algum tempo. Por sinal, um garoto adorável.
Esperto, alegre, inteligente, afetivo, querido.

Quando veio para consulta numa primeira vez, estava agitado. Os pais iriam se separar e eles todos mudariam de país. Consciência de tudo o que estava para vir, ele não tinha. Mas os medos estavam lá, assombrando suas noites, impedindo que ele dormisse sozinho em sua caminha.

Os pais me disseram que ele era um menino muito saudável e que o traziam para a consulta de Terapia Floral para prepará-lo para as mudanças que viriam.

Como as únicas pistas que eu tinha eram: a agitação aparente, que seu pai e mãe diziam ser natural, pois, ele sempre tinha sido daquela forma, e a questão do sono, decidi pesquisar como ele ficava quando estava doentinho. Irritado? Triste? Carente? Como se não tivesse nada? Apático? Bravo? Esta é uma dica preciosa deixada pelo Dr. Bach sobre diagnóstico e escolha de essências florais apropriadas. A resposta foi que ele ficava meio apático.

Mostrei também para o pequeno diversos cartões com imagens das fotos das flores que são utilizadas para preparar os Florais de Bach. Esses cartões foram especialmente preparados pela Flower Essence Society.

Achei muito interessante o quão certeiro e rápido  foi ao escolher a foto da Flor Cerato como sua predileta, seguida da Star of Bethlelem e da Mustard.

Mas é sempre uma surpresa a escolha de Cerato e de Mustard por um garoto tão novinho, apesar de não ter sido a primeira vez em que eu me deparava com um menino pequeno que, quando doente, mostrava-se com apatia e tristeza e que escolhia a flor da Cerato como a que mais gostava.

A essência floral Mustard escolhida como umas das 3 imagens que ele mais gostou traz à tona questões profundas de tristeza que para o garoto surgiam do nada, mas que tinham alicerce profundo em seu passado, ainda que tivesse à minha frente um menino de pouco mais de 3 anos de idade.

Mustard nos conta de uma escuridão que não permite entrar a luz da alegria de viver. Segundo Julian Barnard em seu livro, magnífico, "Forma e Função", aquele que precisa de Mustard traz histórias passadas como um "material não resolvido" ou como "sementes não germinadas", ou ainda "uma bagagem psicológica".

No caso desse menino, há, inclusive, histórico de depressão familiar por parte dos avós, fora suas possíveis questões pessoais. Mustard iria ensolarar seu psiquismo, sua alma, sua consciência, trazendo mais alegria para seu viver.

Essa escolha associada à descrição dos pais de que ele ficava tristinho quando doente deixavam mais claro para mim quem era aquele pequeno e sobre como ajudá-lo a manifestar saúde.

A escolha da Cerato, como a flor mais querida, trouxe um desafio de entendimento num primeiro momento.
Mas associada a esta outra escolha mostrou para mim um novo cenário.

Cerato é também uma essência floral importante para a mãe do pequeno menino.
O desafio de alma de quem precisa de Cerato é criar autoidentidade forte e estruturada. Sem oscilar frente às demandas exteriores, exercendo uma autoguiança. Segundo o autor e produtor dos florais de Bach da Healing, Julian Barnard, em seu livro "Forma e Função", falta àqueles que necessitam da Cerato um vigor para manter sua identidade na vida. Eles parecem mutantes. Quando convivem com uma determinada filosofia tendem a copiá-la. Por exemplo, se conviverem com pessoas vegetarianas tornar-se-ão vegetarianos, mas se depois de apaixonarem por um carnívoro, tornar-se-ão carnívoros.

Desta forma, pareceu-me que ele estava precisando de uma estrutura solar de personalidade, que lhe desse condições de enfrentar a separação dos pais e  a mudança de residência. E ainda que cuidássemos de questões dele, mas que eram questões familiares também, ele estava totalmente imerso e perdido nas demandas dos adultos da família. Era urgente que voltasse para seu mundo pessoal e infantil.

Já a  Star of Bethlehem é uma flor que preparada como um floral age sobre os traumas, aflições e choques, cicatrizando-os, confortando. O floral da Star of Bethlehem iria trazer um equilíbrio para a vida emocional.

Após a escolha destas três cartas com fotos das flores, ele pegou a da Cerato e disse posso desenhá-la?
- Sim, claro. Respondi.
Papel, lápis de cor, giz de cera.
Ele pintou todo o centro do papel de azul, em seguida, pegou outros lápis de cor: preto, vermelho e riscou seu desenho todo, sobrando somente uma ponta do azul Cerato.
Impressionante... pois não é assim mesmo que ocorre? Aquele que precisa tomar a essência floral da Cerato esquece de quem é, do que veio fazer aqui, e passa a sofrer imensa influência dos demais, copiando-os, imitando-os, tentando encontrar seu jeito, mas sempre duvidando de si, do que é. Seu desenho veio ajudar no fechamento do entendimento da fórmula necessária para aquele momento.

Escolhi, assim, algumas essências florais para compor a fórmula, que lhe trouxessem a perspectiva de se sentir protegido frente as mudanças, que lhe dessem calma e serenidade para além do medo, uma essência floral para a reconexão com a vida de forma inspirada e alegre, outras que o permitissem dormir melhor, sair do estado de medo e de agitação. Essências florais como: Walnut, Manto de Luz, Saint John's Wort, Corn, Shooting Star, California Wild Rose, Mariposa Lily, Chamomile e Sunflower.

Um mês depois quando retornaram com o garoto, ele estava um tanto diferente.
Dizia que tinha medo de dormir sozinho, estava bravo, e requeria a mãe o tempo todo.
Ele dizia o que sentia, e essa era a diferença.
Já não demonstrava mais apatia quando doentinho.

Muitos querem ver o uso das essências florais como algo sobrenatural ou mágico, o que não é. Há um processo de cura em andamento, que tem fases claras que podem ser verificadas e analisadas.<br>
É comum uma criança que começa a melhorar de um estado de tristeza profunda apresentar-se brava. Ou seja, ela começa a demonstrar o que estava por detrás da apatia ou tristeza.

Mais de um ano se passou desde o início do tratamento e ele conseguiu se adaptar às mudanças sem se perder de si e indo além, fazendo novos amigos, permanecendo saudável, desenvolvendo habilidades motoras e de linguagem.

Muitas essências florais foram usadas ao longo deste ciclo de tratamento, essências florais como Angelica e Red Chestnut quando ele um dia me disse que quem cuidava dele eram os Anjinhos e quem cuidava da mãe era ele, por exemplo.

Hoje ele está centrado, alegre, saudável, consegue dormir sozinho em seu próprio quarto.<br>
E quando de nossa última consulta ele me disse que já não tem mais medo de monstros ou medo de avião (ele havia visto um filme onde aviões são bombardeados e ficou muito impressionado), por isso achava que já estava bom e que nem precisava mais de florais.

Lindo!
Fez para mim um desenho dele lutando e vencendo o Monstro que tentava destruir sua casa.

Como eles mudarão mais uma vez de residência, decidimos em conjunto (a mãe, ele e eu), que ele tomaria mais uma fórmula de florais. A principal essência floral desta nova combinação foi a Sunflower.

Sem que eu dissesse para ele o que havia na fórmula, convidei-o a tomar as primeiras 4 gotinhas antes de sair do consultório. E assim foi.
Ao acabar de tomar as 4 gotinhas  falou:
- Posso fazer meu último desenho.
E qual não foi minha surpresa, ele desenhou um sol e em seguida a casa do Sol e dos pais do Sol, bem ao lado, numa rua onde um grande leão caminhava.

Adorei. Ele estava em contato com as forças ensolaradas de sua alma, que fortalecem seu eixo central, sua autoridade e dignidade.

A essência floral começa a agir no exato momento em que a usamos e seus reflexos e cura vão se mostrando e se consolidando ao longo do período de uso, num processo de cura vivo, dinâmico e efetivo.

Thais Accioly


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