A magia das plantas



Nosso mundo é cheio de mistérios......

Mistérios tecnológicos, mistérios científicos, mistérios sociais e sobretudo mistérios religiosos, que acompanham o homem desde os tempos mais remotos.
Acredito que depois do sol, da lua e das estrelas, a primeira divindade tenha sido o fogo e, com ele, através da fumaça (o perfumum), todos os aromas das madeiras, das flores e das folhas queimadas que afastavam tanto os animais ferozes e os insetos quanto a escuridão ameaçadora. O mistério e a magia das plantas são elementos sempre presentes nas cerimônias religiosas, e não é difícil fazer uma rápida retrospectiva da sua importancia. A maioria das ervas tem um componente sobrenatural e é usada para proteção, cura, morada aos deuses e, às vezes, são o próprio deus em sua forma terrena, como no caso do carvalho, que é a representação do deus do raio, Zeus ou Júpiter na Antiguidade Clássica e o Thor dos germânicos. E foram justamente os homens que primeiro se aperceberam do poder curativo das plantas que se tornaram magos, sacerdotes e feiticeiros. Guardavam cuidadosamente suas descobertas e as usavam como instrumento de poder. Tanto na mitologia grega quanto nas religiões antigas e modernas podemos sentir a importância do conhecimento do uso das plantas como invocadoras de poderes sobrenaturais.

Muito mais tarde o progresso científico tentou e ainda tenta provar que a magia é um produto da ignorância, mas vemos também, muitas vezes, a ciência reconhecer embora a contragosto, que crenças e ritos têm muito mais lógica do que seria lógico esperar de práticas tão primitivas. Como já foi dito, a realidade tem quase sempre um antecedente sobrenatural. Os ecologistas de hoje, por exemplo, são uma versão moderna de personagens míticos que povoaram as florestas para protegê-las da destruição. Esses personagens (drus, em grego), como os druidas, e tinham a missão de castigar os inimigos do verde. Eles sabiam que as árvores eram indispensáveis à vida. Sem as plantas a Terra seria um planeta morto, não haveria ar nem alimentos para homens e animais.
Mas como teriam descoberto estas coisas? Advinhação? Premonição? Não sei. O que sei é que a ciência atual, do alto do seu saber, "descobriu" que as plantas têm memória, sentem amor, raiva, medo, ódio, alegria. Foi Cleve Bakster, um americano, que descobriu tudo isto em 1966 ligando nas plantas um aparelho chamado galvanômetro. As reações foram tão surpreendentes que a comunidade científica precisou repensar todos os seus conceitos. Então as plantas pensam mesmo. Então os magos e curandeiros tinham razão quando reverenciavam o espírito que habita nas plantas, especialmente as "mães" dos sete cereais sagrados (milho, arroz, centeio, trigo, cevada, painço e aveia). Elas simbolizam a fertilidade.

Mas como e por que terão aparecido estes ritos sagrados? Sabemos que a agricultura começou no período neolítico e que mesmo naqueles tempos remotos as forças da magia eram invocadas de várias formas. Os cereais descenderiam todos da família das gramíneas e foram sendo modificados aos poucos pelas mãos do homem e por poderes sobrenaturais. Menos o trigo, que teria sido trazido de Vênus, junto com as abelhas e as formigas, por uma civilização que nos teria trazido também o primeiro código moral e social.

Os mistérios são tantos e muitas vezes tão absurdos que o mais fácil mesmo é a gente fingir que não acredita em nada que não seja "rigorosamente científico". Mas é certo que as dúvidas existem e vão ficando cada vez maiores à medida que vamos lendo, estudando e aprendendo. E para complicar ainda mais, de repente surgiu nos Estados Unidos e na extinta União Soviética uma ciência incrível chamada psicobotânica, que usa aparelhos complicadíssimos e chega a conclusões cada dia mais surpreendentes, e que vem provar, mais uma vez, que os mistérios só crescem com o conhecimento. Quanto mais descobrimos coisas mais nos damos conta da nossa enorme ignorância, e tenho mesmo a impressão de que a ciência está provando a cada dia que o poder das plantas é muito maior do que pensavam as bruxas e os feiticeiros. E acho até que era bem mais fácil aceitar a parte sobrenatural de uma planta quando não se tinha os fantásticos conhecimentos de hoje. Por exemplo, imaginemos uma cena numa fazenda de café do século passado, onde os escravos trabalhavam de sol a sol e sofriam castigos que mal podemos imaginar. À noite, um curandeiro preparava um caldeirão com ervas iguais ou parecidas às da sua pátria distante. O banho cicatrizava quase de um dia para o outro as feridas feitas com o chicote. A bebida acalmava os nervos, e o pobre negro dormia em paz. Onde acabava o poder curativo e onde começava a magia? Nunca saberemos.....

As plantas ajudam. As plantas curam. E onde termina o poder real e começa a magia não é o mais importante. O importante é usarmos as ervas de uma forma cada vez mais consciente e tentarmos conhecer suas propriedades reais. Certezas não teremos nunca, e rezas, bruxedos e simpatias existirão sempre. Fazem parte da natureza humana.


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