O silêncio das respostas


Eu disse "A maior de todas as perguntas é o SILÊNCIO e nele estão contidas as respostas", a mim mesmo,  para resolver o (até então) insolúvel problema que era a quantidade de perguntas que eu me faço.

No silêncio, descobri:

a) Que o importante não era a resposta;

b) Que o importante não era a pergunta:

c) Que o importante era saber quem (em mim) perguntava. E eu soube, e eu vi;

d) Que às vezes, as perguntas são originadas somente em (ou por) revoltas;

e) Que às vezes, as perguntas são originadas somente (por ou) em desejos (mesmo o desejo de saber, ainda é um desejo);

f) Que às vezes as perguntas são originadas somente pela falta de interação daquilo que em nós já existe. Então, uma pergunta externa pode ser falta de conversa interna; 

g) Que às vezes, confundiam-se perguntas com questionamentos, que são coisas completamente diferentes;

h) Que às vezes as perguntas do cérebro tentam somente ocultar as perguntas do coração(não coração passional, mas coração fraterno), ou as verdades do coração. E no equilíbrio dos dois, não existem perguntas;

i) Que às vezes as perguntas só fazem é tentar matar a fome humana de um conhecimento divino, quando na verdade, um não resolve o outro. A ânsia em saber a resposta gera satisfação com a resposta, e isto não é suficiente; 

h) Que às vezes as perguntas só querem ser faladas, mesmo não sendo ouvidas. E uma pergunta muitas vezes transforma mais que a própria resposta;

i) Que sempre, em cada pergunta, está a resposta. Simplesmente pq a pergunta é sobre algo, e se este algo não estivesse já "in semine" em quem faz a pergunta, nele a pergunta não poderia ter sido engendrada;

j) Que o tempo é a única diferença entre uma pergunta e uma resposta. 
E isto ocorre pq tempo e espaço são a mesma coisa, então, na medida em que uma pergunta se desloca no tempo, ela pode estar se deslocando no espaço, em direção ao objeto originador da pergunta, fundindo-se nele, e deixando de existir;

k) Que não existe diferença entre a pergunta verbalizada ou não, pois a mesma já foi parida mentalmente;

l) Que às vezes as perguntas tem medo das respostas, mesmo que se desconheça o sentido de medo. Isto é real, pq muitas vezes a resposta mata(sublima) a falsa origem da pergunta;

j) Que às vezes a pergunta só quer ver a luz do dia, e não é para ser ouvida, é para ser sentida;

k) Que às vezes as perguntas que dizem "pq sim" na verdade querem dizer " pq não"; 

l) Que às vezes uma pergunta é só um mapa, decifrá-lo compete mais a quem a faz, do que a quem a ouve;

m) Que o caminho para a autocomprensão do “teletai” (mistério) é a verbalização. Nenhuma resposta revela nenhum mistério, simplesmente pq o mistério só é desvelado pela contemplação individualizada, direta na fonte. Então, a boa resposta é aquela que indica a direção da fonte;

n) Que a pergunta tem a consciência herdada de sua origem(que pode tão densa quanto o instinto ou tão sublime quanto a intuição), e é sempre a forma daquela origem expressar-se(e expor-se) em forma de som. Uma vez exposta, é uma boa hora de ser resolvida;

o) Que o manto que oculta cada memória (ou dor, para quem as tenha) é uma pergunta. 
Assim, perguntar, significa despertar alguma coisa que pode estar difusa(e se alimentando de mágoas) na alma há séculos. Uma vez despertada a origem, deve ser decifrada, ou a origem, reforçada, devora o perguntador, e envolve o respondedor;

p) Que uma pergunta sobre o real gera um ciclo virtuoso, ao passo que uma pergunta sobre o irreal, gera um ciclo vicioso;

q) Que na maioria das vezes, uma resposta é equivalente a apontar o dedo em uma direção, pois a melhor resposta vem do “olhos nos olhos” entre quem quer conhecer e “aquilo” que quer ser conhecido;

r) Que o que chamamos pergunta e resposta é só o estabelecimento de liames entre dois seres viventes no universo;

s) Que uma pergunta pode ser o caminho para metástase(de meta stase, estar além), fazendo com que a resposta projete a origem da pergunta ao lugar da origem da resposta. E geralmente a origem da pergunta é a própria coisa em si;

t) Que reponder é fazer algo brilhar, reluzir(literalmente, respléndeo.. resplendére). Assim, a resposta só faz refletir aquilo que foi perguntado;

u) Que a pergunta é filha da resposta. E que a pergunta transforma antes quem responde, e depois quem pergunta. Sendo mais importante para o primeiro, pois reforça e o leva além da pergunta;

v) Que falar (de for, fares, fato sum) tem a mesma origem que fecundo, mas ao mesmo tempo, o silêncio é o pai-mãe da palavra;

x) Diz-se que “a diferença entre brilhar e tornar-se visível é quase nula”. Talvez seja esta a razão de as perguntas serem verbalizadas: o objeto que as origina deseja tornar-se visível;

y) Que a resposta (do Grego Spondé, libação, aliança) sempre deve ser isto mesmo: uma aliança com a verdade (sua origem), podendo variar somente a intensidade da mesma, mas nunca a sua direção (sempre em direção ao real).

Como costume, o item “Z” fica para cada um escrever a própria razão de suas perguntas!!!

Concluindo, descobri que com o silêncio interno, os ruídos externos (do mundo, do astral, da própria mente) ficam cada vez mais longe e tênues, permitindo que seja percebido que nele, silêncio, estão todas as respostas.

E sabem pq que no silêncio estão todas as respostas? É pq...o som ecoa antes e depois de ser ouvido. E principalmente, o silêncio não tem voz, mas é o bijam (a semente) de todas as vozes.

 Jorge Antonio Oro


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