O verdadeiro sentido da família


Os laços de sangue são os que menos importam. O que interessa mesmo é a disposição de cada um, para aceitar o outro.
Temos muito a aprender sobre família, viu, gente? A grande maioria pensa que ela se resume a laços consangüíneos quando isso é o que menos importa. Outros acreditam que, por pertencerem a um grupo familiar, todos os seus componentes devem ter os mesmos valores e seguir os mesmos caminhos. Nada a ver. Obviamente que é possível estabelecer a afinidade entre seus membros, mas ninguém é igual a ninguém dentro da mesma família. É preciso, acima de tudo, aceitar as diferenças existentes entre todos. 
Mas o que é exatamente isso? Simples. Aceitar diferenças é ter compreensão, abertura e diálogo. Geralmente, quando não aceitamos alguma coisa, queremos pura e simplesmente impor um modelo. Ou seja, é preciso agir assim, lidar com o dinheiro desse jeito, fazer aquilo outro da outra maneira etc. Como muitos pais que estabelecem um modelo rígido de educação. Resultado: é um tal de filho mentir pra pai e mãe... Na frente dos pais, eles são uma coisa. E, por trás, mudam completamente. Triste, não? 
É impressionante como é comum as pessoas não aceitarem as diferenças. A gente se fecha tanto em nossas vidas, nos próprios valores e verdades que não toleramos sequer uma idéia oposta à nossa, sem julgar. Tente, portanto, seguir essa linha de raciocínio: “A cabeça daquela pessoa é assim, a vida dela é essa, ela está bem assim, pode me contar tudo que eu não me choco nem critico. Não sou juiz, sou amiga.” 
Uma conduta dessas dá contato. Se, por outro lado, você condena o outro, ele acaba se afastando. Isso é óbvio! E não só na família, como em qualquer relacionamento. E não adianta vir a mãe com aquelas frases: “Te amo, quero o teu bem, portanto, faça isso ou aquilo.” Reflita comigo: será que esse bem é realmente o bem do filho? 
Vamos lá, pessoal, aposte na flexibilidade. Sem ela, os laços se rompem. Com ela, os laços se ampliam. Ou aceitamos as diferenças e aprendemos a conviver com elas... Ou não convivemos com ninguém. Pare de brigar com a realidade. Você sofre, se desgasta, principalmente quando não pode controlar a realidade. Por conseqüência, a raiva, a preocupação e o nervoso entram em cena. 
Deixe de querer mudar o outro. Isso é um verdadeiro desrespeito. O importante é ter paz e equilíbrio. Dois filhos podem ser super amigos. Outros podem se dar bem só com amigos de fora. As relações dentro da família vão se estabelecer como podem, não como “devem”. 
Aliás, não existe família ideal, e sim família real. Aceitar a individualidade de cada um é a base do elo. Não importa em que lar tenhamos nascido, mas sim se podemos ser o que queremos. Essa liberdade é tudo. Sentimento de família é elo social, elo humano. Não está restrito só aos filhos, maridos, avós, primos etc. Ele está na esfera social. 
E, quando você realmente souber aceitar as diferenças, os valores e as vontades alheias, no mínimo, conquistará uma atitude mais fraternal de todos aqueles ao seu redor. Como aquela pessoa que, sem fazer nada, todo mundo vai lá enchê-la de beijos, abraços e carinhos. O segredo desse carisma? Abertura. Pratique-a dentro da sua família! Pratique-a em todo lugar.

Luiz Antônio Gasparetto
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