Semeadores da Lei


Vamos conversar sobre uma mecânica a qual, na falta de melhor expressão podemos chamar de bela: é a razão da vida e do Universo serem da forma como o são!

a) No atual momento evolucional, Manas inferior (a qual vou me referir somente como Mente, para efeito desta conversa), a mente concreta, é o que podemos chamar de pedra angular, aquela que sustem o arco onde, de um lado temos a humanidade, o mundo com forma, representado pelo físico, vital e astral e do outro, temos a divindade, o mundo sem forma, representado pela Mente abstrata, Budhi  e Atmã.
A Mente concreta assim, é o que une e desune, o mundo humano do mundo divino (que é só um mundo humano mais antigo).

b) Todos estes planos evolucionais, do Átmico ao físico estão entrelaçados, formando uma unidade evolucional, a qual chamamos de ser humano.

c) E aí vem a primeira percepção do quão belo é o processo evolucional, e a forma como as consciências dos mundos conscientes (no caso, Atmã, Budhi e Manas) se projetam no mundo ainda inconsciente (mente concreta, astral e físico), a fim de transformá-lo.

d) A Mente concreta limita-se ao agir no plano mais denso, sendo sua característica a análise e a decisão, operando somente por imagens impressas em si mesma. Assim, age através de um veículo (o corpo), para interagir no mundo físico, dependendo de 5 poderes os quais chamamos de: audição, visão, gustação, tato e olfato.

e) Estes sistemas (que congregam toda a inteligência dos reinos e hierarquias que precederam o ser humano) permitem que tudo o que seja visto, ouvido, degustado, tocado ou cheirado gere na mente concreta, uma imagem: quer dizer, criam no mundo mental um símile do que existe no mundo físico.

f) Estas imagens geradas são os chamados Vritis (em sânscrito). Turbilhões de Vritis gerados a cada instante, por cada um ser humano, agitam e moldam o mundo mental, fazendo uma tessitura entre cada objeto real físico e seu reflexo mental, entrelaçando estes dois mundos (o físico e o mental).

g) Nesta ação, os influxos de consciência existentes no mundo mental projetam-se no seu equivalente físico: esta é a descida da consciência, e o ser humano vai servindo de elemento de ligação entre o visível e o invisível.

h) Um objeto qualquer ao ser visto por um ser humano já não é mais o mesmo que era antes, pois agora ele é o que era, e mais a imagem que aquele ser humano construiu em sua mente (ou alma). E ao construir aquela imagem em si mesmo, a entrelaçou a tudo o mais que ele tenha em sua mente (ou Alma), passando estes valores ou impressões a fazerem parte do tal objeto.

i) O próximo ser humano que for olhar aquele objeto, já verá um objeto transformado, e assim, sucessivamente. Esta é a mecânica do fascínio que, por exemplo, uma obra de arte exerce nas pessoas: é pq aquela obra de arte, aquele objeto, é em si o somatório das impressões de todos os que já o viram.

j) Isto é o que acontece na vida de cada um, no seu dia-a-dia. Mas, aí surge o que é chamado de iniciação: baseado no que existe em si, na mente, o ser humano vai compreendendo não mais somente as realidades físicas, mas também aquela realidade que não é percebida pelos cinco sentidos, aquela realidade que não está visível. Assim, baseado no que existe “embaixo” começa a compreender o que existe “em cima”.
Neste processo, a mente passa a receber os influxos do plano mental superior, do plano Budhico, do plano Átmico.

k) O processo em Manas, na mente, é exatamente o mesmo: quando vai pensar ou falar a respeito do Sol Central do Universo, por exemplo, o ser humano faz em sua mente uma imagem e, esta imagem, vai obrigatoriamente ligar-se ao objeto em questão. Neste momento, estabelece-se uma ligação entre o próprio Sol Central e a mente daquele ser humano.
Aquela porção de Manas na qual foi criada o símile humano do Sol Central, jamais será a mesma e, como falamos, o influxo daquele ser humano chega até o próprio Sol Central.

l) Esta tessitura permite o compartilhamento de excelências: a mente concreta passa a funcionar também baseada na abstração, na intuição e no amor. O Astral passa a funcionar baseado na razoabilidade. O vital passa a funcionar baseado na emoção superior e consciente, e o físico passa a ser vitalizado com tudo isto, tornando o mundo humano símile do mundo divino.

m) Agora vem a outra parte da bela (e simples) mecânica evolucional: ao se deslocar o ser humano, rapidamente, elipticamente, através do universo, vai mudando a matéria mental e deixando impressões, bijans (sementes) que tenderão a entrelaçar-se com quem (ou o que) por ali passe.

n) O ser humano, no atual momento evolucional então é, um semeador por excelência, fazendo a tessitura entre o visível e o invisível (entre o denso e o sublime), em sua caminhada através do Universo.

o) Por isto, o dito popular do “ faz o bem sem olhar a quem”. Este bem, consciente, vai transformando todo o caminho por onde passam o ser humano, a Terra, o Sistema Solar, a Galáxia, criando um sulco no universo, donde brotarão novas consciências, novos seres.

p) Com certeza, são muitos os sulcos no Universo! E cabe aqui uma lembrança: devemos então ter muita atenção com o que plantamos!

q) Criar caminhos para que o físico compreenda Atmã, e para que Atmã compreenda o físico, de maneira irreversível, tornando-se uma única e mesma Coisa.

 “Spes messis in semine”, a esperança da colheita reside na semente, este é o Lema da Sociedade Brasileira de Eubiose.

Este é o trabalho: agir como semeador consciente, fazendo a tessitura entre o humano e o divino, entre o visível e o invisível, permanentemente, enquanto caminhamos pelo Universo, até atingir o ponto de chegada da terra.

Como nunca um mesmo caminho é percorrido duas vezes no Universo, o semeador não vê os frutos de seu trabalho, mas pode seguir feliz, pois tem o direito de ter a melhor sensação de todas: a sensação do dever cumprido.

“Quem atinge o mundo que separa o terreno do divino, neste se acha”, Henrique José de Souza.

Obs.: Belo (de Béllus) é um diminutivo de bom (Bónus), estando indissoluvelmente ligados, para o ser humano, estes dois conceitos, à idéia de bondade, do bem (Bónum), causando “deleite ao espírito” a sua contemplação. Assim, o Bem (a origem), o Bom (a manifestação da origem) e o Belo (a visualização da origem) podemos interpretar como sendo três aspectos de uma mesma coisa: a Lei.

Então, só posso desejar-lhes um bom trabalho, e que ao final do dia (de Brahma) possamos todos sentar e nos orgulhar do trabalho feito.

Fraterno abraço, fiquem bem, fiquem em paz.

Rowẽ na aimorí (em Xavante: vai em paz)

facebook: Jorge Antonio Oro


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