Quem está falando: a mente ou o coração?


"A mente é inquieta, o coração é pacífico. A mente argumenta, o coração silencia. A mente projeta, o coração revela. Seguir a mente, cansa; seguir o coração, descansa. Como saber quem está no comando, se nem ao menos nos damos conta que tem alguém que comanda e alguém que acata. É preciso perceber se a voz vem da mente ou do coração, para discernir desejos, sonhos e anseios das verdadeiras aspirações do ser.

Há uma considerável diferença entre esses aspectos de nossas vidas. Muitos dos objetivos traçados são compensações ou projeções baseadas no medo, na insegurança, no ego.
 Seguir os apelos da mente sem refletir ou discernir é uma forma mecânica e condicionada e nem sempre condiz com a real necessidade do momento. Fazemos tanto, de tantas formas e tão sem necessidade...
 Quanto tempo dedicamos àquilo que é essencial, àquilo que somente nós podemos fazer por nós mesmos, àquilo que restará depois que tudo terminar? Faça as contas dos minutos do dia que você dedica a observar o que fica depois que tudo termina. Talvez nenhum minuto sequer esteja reservado a isso em sua extensa agenda.

Estranho e assustador, não é? Basta ver quanto tempo desperdiçamos com pensamentos, palavras e ações sem sentido, repetitivos, inúteis. 
Viajamos no mundo imaginário e nos perdemos nos escaninhos da mente individual e coletiva, sem nos darmos conta da repetição e reprodução de conceitos, crenças e valores que não correspondem às nossas aspirações mais profundas.

Fora do silêncio e da pausa, é impossível separar essas vozes em categorias e perceber as sutis diferenças entre elas. A dica é sentir como o corpo reage àquilo que é escolhido ou decidido. 

Se restar inquietação, angústia, peso, incerteza, é o momento de aguardar e ir mais fundo dentro de si mesmo para acessar a íntima voz do coração. Quando vier uma inspiração, mesmo que não tenha pensado nisso ainda, experimente se isso o aquieta e traz alegria. 

Se a leveza e tranquilidade se mantiverem presentes, siga essa voz sem hesitação. Isso muda substancialmente a forma de ser na vida: do mecanismo de defesa, para um instrumento de mudança!

Saber se ouvir, respeitar-se em suas escolhas, ser fiel a si mesmo e sustentar isso com firmeza, traz muito contentamento e sentimento de estar fazendo a coisa certa, na hora certa e do jeito certo.
 Essa é a verdadeira liberdade que uma pessoa pode experimentar. Quando seu eu mais profundo se libera da amarras da opinião formada, dos conceitos e regras, do que o outro pode pensar, do preço a se pagar. 
Não há maior riqueza do que isso – a liberdade de ser o que é e a simplicidade de acolher e ficar em paz com a escolha.

Saber o que somos, como continuamos, o que prevalece e o que eterniza deveria ser a meta, o foco, a prioridade. Mas que nada, não há tempo para isso.
 Para muitos, tempo é dinheiro. Para mim, tempo é um tesouro, uma joia, a própria riqueza, o presente. E estar no presente, desfrutar desse entendimento e perceber as coisas como realmente elas são é o maior de todos os tesouros. 
Acredito que o coração fala assim, eu ouço essa voz em mim."

  Valeria Bastos


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